Impacto do treinamento físico no stress oxidativo de pacientes com Doença pulmonar Cronica Obstrutiva
A DPOC apresenta vários fatores que podem limitar a execução de exercício, como a dispnéia e/ou a fadiga de membros inferiores, advindos de anormalidades nas trocas gasosas, disfunção muscular periférica, disfunção cardíaca ou da combinação desses fatores (ATS, 2006). Nos pacientes graves, no entanto, a dispnéia se sobressai como principal sintoma limitante do exercício (O?DONNELL, 2006). A dificuldade respiratória sentida inicialmente apenas durante grandes esforços passa, com a evolução da doença, a ser percebida durante a execução de suas próprias atividades de vida diária (AVD) ou até mesmo em repouso (O?DONNELL et al., 2001; VELLOSO et al., 2003). Isso gera um ciclo vicioso, pois, para não sentir desconforto respiratório o paciente limita suas atividades, e a inatividade, por sua vez, aumenta a incapacidade e as complicações já existentes (MADOR et al., 2001), comprometendo gravemente a execução de suas próprias AVD e qualidade de vida (MAHLER et al., 1992; PERUZZA et al., 2003). Para reverter ou minimizar os sintomas da doença e consequentemente melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida desses indivíduos, têm sido desenvolvidos programas de reabilitação pulmonar, que envolvem entre outros fatores, treinamento muscular (exercício aeróbio e anaeróbio). Em conjunto, essas medidas promovem redução da queda funcional desses indivíduos (GOLD, 2007). No entanto, ainda não se conhece qual o impacto da realização de atividades de vida diária no sistema imunológico e muscular de indivíduos portadores de DPOC moderada e grave, inativos e treinados. Há fortes indícios de que tarefas simples do dia-a-dia como caminhar, acelere a degradação muscular devido à resposta inflamatória exacerbada, stress oxidativo acentuado e lactacidemia precoce (HANNEKE et al, 2007). Dessa forma, poderemos verificar se a realização de exercício regular (20 sessões de exercício aeróbio e resistidos de membros superiores e inferiores), agirá de forma protetora, possibilitando a esses indivíduos realizarem suas AVD com resposta inflamatória, stress oxidativo e lactacidemia em níveis menores, dessa forma reduzir o catabolismo muscular, o desconforto durante a execução de suas atividades (avaliada pela escala LCADL), promovendo maior independência e melhora da qualidade de vida desses indivíduos. Já existe recomendação para que esta população de doentes pratique atividade física (PITTA et al., 2006 ), pois a inatividade aumenta a morbi-mortalidade, consequentemente os custos para o sistema de saúde público brasileiro. No entanto, os programas direcionados a esta população no país são poucos, necessitam de profissionais de várias áreas e acabam sendo onerosos. Caso este estudo demonstre que um programa de exercícios simples pode ser protetor a musculatura na execução de atividades de vida diária e melhorar a qualidade de vida, então, a relação custo-efetividade acenará para a possibilidade de se implantar vários desses programas para democratizar a assistência e reduzir os custos com a saúde. Compreender em que grau o exercício promove redução da reposta inflamatória e stress oxidativo em pacientes com DPOC moderados e graves durante a realização de atividades de vida diária será, portanto, a principal contribuição científica dessa proposta. E poderá embasar novos estudos, pois o que se realmente busca nessa população de pacientes é qualidade de vida, que está intimamente relacionada a capacidade de realizar atividades simples do dia-a-dia.