CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE CEPAS DE MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS ISOLADAS NO ESTADO DE GOIÁS COM RELAÇÃO À RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS

O Mycobacterium tuberculosis, causador da tuberculose, é responsável pela morte de cerca de 2 milhões de pessoas. O Ministério da Saúde estima que o país apresente uma prevalência de 50 milhões de infectados com aproximadamente 100.000 casos novos e cerca de 5 mil óbitos anualmente. Devido à redução dos investimentos durante duas décadas e o advento da AIDS, ocorreu o aumento da transmissão do Mycobacterium tuberculosis. Adicionalmente, a emergência e disseminação de linhagens de M. tuberculosis multiresistentes a drogas (MDR-TB) tornou-se uma ameaça para o controle da tuberculose O tratamento incompleto ou inadequado da tuberculose favorece o desenvolvimento de cepas resistentes. A resistência às drogas antimicrobianas em M. tuberculosis é causada pela aquisição de mutações gênicas e a geração de cepas multiresistentes é a conseqüência de diversas acumulações destas mutações primárias. De acordo com a OMS a multiresistência às drogas é considerada quando uma linhagem apresenta-se resistente a no mínimo, isoniazida (INH) e rifampicina (RIF), as duas drogas fundamentais em qualquer regime de tratamento da tuberculose. No Brasil, são considerados MDR-TB aquelas cepas resistentes à INH, RIF e mais outra droga incluída no tratamento anti-tuberculose. O conhecimento das características de transmissão de linhagens MDR-TB é essencial para o desenvolvimento de estratégias de controle, adicionalmente, a caracterização molecular destas linhagens possibilitam a investigação dos mecanismos genéticos da resistência a drogas, visto que o M. tuberculosis adquire resistência a drogas através da seleção de mutações que ocorrem randomicamente em loci cromossômicos. Adicionalmente, estudos epidemiológicos moleculares, sugerem que certas linhagens de M. tuberculosis, identificados por DNA ?fingerprint? (RFLP-IS6110) podem ser especialmente propensas para a aquisição de resistência a drogas. Nosso estudo compreende a análise de cento e cinqüenta amostras de DNA de M. tuberculosis isoladas do estado de Goiás, previamente coletadas e caracterizadas pela técnica RFLP-IS6110, quanto a resistência às duas principais drogas utilizadas no tratamento da tuberculose, isoniazida e rifampicina, através da amplificação e sequenciamento dos genes KatG e rpoB, respectivamente, nos quais as mutações que conferem resistência aos antibióticos são mais freqüentes, bem como analisar filogeneticamente as linhagens quanto a estes genes, verificando seus possíveis potenciais como marcadores filogenéticos.